Você é o visitante nº
Pesquisar este blog
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Sobre Mágoa e Perdão
Retirado do Livro: Servidores da Luz na Transição Planetária
Autor: Wanderley Oliveira
O perdão só acontece quanto temos coragem de descobrir qual foi a nossa contribuição para que o contexto que nos magoou acontecesse.
Não somos meras vítimas da ofensa alheia. Na relação humana, mesmo o ofendido constrói condições para que os fatos se desenrolem.
É necessário coragem e humildade para olhar as ilusões que temos a respeito de nós e das pessoas com as quais nos relacionamos. Perceber nossa responsabilidade e desfocar da mente do ofensor é o verdadeiro segredo a caminho da compreensão. Isso nos alivia e faz perceber em quanta mentira acreditamos a respeito da nossa convivência. Quem não sabe dizer "não", quem espera dos outros o que eles não podem ou não querem dar, quem, enfim, deposita confiança excessiva em alguém, certamente será magoado.
A relação humana sadia exige limites, o amor não é um contrato em que um faz o que o outro deseja.
Amor verdadeiro solicita honestidade emocional, autoamor preservativo e uma enorme capacidade de doação, pela simples motivação de fazer o outro feliz sem esperar algo em troca.
O conceito do perdão como atitude de esquecer o mal que alguém nos fez ou como uma virtude de retomar o relacionamento com o ofensor da mesma maneira que antes da ofensa é um enfoque que precisa ser reconsiderado, porque perdão não tem nada a ver com esquecimento das faltas ou negação da dor emocional para continuar a relação com alguém da mesma maneira.
Por conta dessas duas formas de enxergar o perdão, muitos de nós passamos por problemas graves de exploração emocional por parte do ofensor. Não se utilizando da memória, alegando que esquecemos o fato gerador da mágoa, poderemos passar novamente pela mesma experiência e, negando a dor emocional para manter um relacionamento que nos interessa ou do qual não temos como nos desvincular instantaneamente, ficaremos com um peso emocional não transmutado e que poderá nos prejudicar de várias formas.
O perdão que o Evangelho propõe e que os Sábios Guias comentam na questão 886, de O Livro dos Espíritos, é o perdão das ofensas, antes mesmo do perdão aos ofensores. Há uma enorme diferença entre perdoar ofensas e ofensores. A ofensa é a dor que trazemos no peito, em decorrência da atitude lesiva do outro contra nós, e o ofensor é o sujeito que intencionalmente ou não foi agente ativo desse processo emocional. A ofensa é o conjunto de sentimentos que derivam do ato lesivo. Entre eles está a raiva, a sensação de injustiça, a dor da decepção e da frustração de sonhos e expectativas. Se não resolvemos conosco esses sentimentos, será infrutífero o ato de procurar o ofensor para o perdão legítimo. Concluímos, portanto, que perdoar é algo que começa em nós para depois se expressar na relação. Claro que isso tem variações. Casos, por exemplo, de marido e esposa, relações profissionais e outras tantas formas de conviver, nem sempre o distanciamento físico será possível, e assim a mágoa estará presente no dia a dia sem que tenhamos o tempo que seria desejável para curar as ofensas e depois criar uma nova relação ou, até mesmo, romper definitivamente com o ofensor.
A mágoa é uma experiência muito dolorosa para não ter um sentido divino em nossa vida. Quem é ofendido está sendo convocado a enxergar algo que não quer ver. Ser magoado significa ter de olhar a vida de uma perspectiva que não queríamos nem gostaríamos, significa ter de olhar de forma diferente para nós, para nossas relações ou para a nossa vida como um todo.
A misericórdia é a atitude de romper com os fios da mágoa por meio do movimento de focar a vida mental no melhor que o outro é. Ao conseguirmos aplicar a misericórdia, além de nos proteger das ofensas, enobrecemos nossa atitude não criando elos com a dor emocional da ofensa e seus reflexos em nossa vida, libertando-nos para um estágio de vida rico de atitudes sadias e educativas, defensivas e fortalecedoras.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário